21.3.10

Pós-viagem 2: construindo um templo, uma igreja, uma obra


“Sim, esse é meu deus, mas enquanto eu não terminar esse templo, o meu deus não existe, é preciso que ele tenha uma casa, e uma casa respeitável, para que ele possa existir.” - pensamento recorrente.
As grandes e belas catedrais funcionam como uma obra de arte com um propósito: encarnar Deus. Com "encarnar Deus" quero dizer torná-lo mais próximo, mais presente, mais possível e quase palpável. Aumentar no espírito de cada um a certeza e a fé em sua existência ou, ao menos, aumentar a probabilidade de sua existência em pensamento.
As obras de arte nos deixam extasiados, surpreendidos, embasbacados seja de deleite ou pelo inesperado, mas, em geral (repito: em geral), aos olhos de todos (repito: aos olhos de todos) não servem diretamente a um propósito específico e certeiro (a não ser renovar a fé na humanidade, mas isso corre por tantas vertentes que acaba por se dissipar), e o que acontece em uma visita a uma iponente e vistosa catedral é esse êxtase que a arte também provoca, só que ao contrário da arte, que não diz sua razão de ser, a catedral diz: "Isso tudo é porque Ele existe". - Viena, 2008
E quem pode argumentar contra tijolos e cimento? - Rio de Janeiro, hoje.

2.3.10

Pós-viagem 1

O caderno é barato, capa e contracapa de papelão tingindo de negro, miolo de folhas ralas pautadas, formato 100x140mm, bem diminuto, comprado aqui mesmo antes da viagem, produzido no interior de algum estado que tenha indústrias sem publicidade na sua periferia. Melhor comprar logo dois, foi o que pensei na papelaria. Levei os dois, usei um pela metade. Três voos e muitas promessas de nunca mais tomar um, estou de volta. Derrotado pela maratona aérea, passo o dia seguinte como um zumbi sem objetivos a não ser dormir para acordar e comer e dormir novamente.